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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Atenção 1* Ano Integral!!!











As atividades devem ser respondidas no caderno!!!

ATIVIDADE DAS TURMAS 3º A e B (REGULAR) - PROF CAMILA MIRANDA

Olá, pessoal!

Hoje vamos dar prosseguimento aos nossos estudos referentes às Vanguardas Europeias. Vimos nos vídeos da atividade passada um pouco do que seria esse movimento vanguardista (à frente do seu tempo), trazendo propostas ousadas, que buscavam impactar a sociedade para chamar a atenção sobre diversos assuntos.
Começaremos por um movimento que traz consigo muitas discussões políticas e ideológicas, visto que, dentre outros fatores, o Futurismo “flertava” com formas de governo antidemocráticas, mas isso não quer dizer que os artistas futuristas eram todos fascistas, por exemplo, já que um movimento serve de inspiração e o artista tem a liberdade de “escolher” os pontos convergentes entre sua prática e o que o movimento propõe).
Então, vamos lá!


Realizem a leitura dos textos abaixo:

TEXTO 1

As vanguardas europeias configuraram uma época marcada por grandes movimentos artísticos e culturais iniciados na Europa a partir do século XX. As escolas serviram de inspiração em diversos segmentos das artes plásticas (literatura, pintura, escultura, etc.). A palavra Vanguarda surgiu do termo francês “avant-garde”, e significa a “guarda avançada” ou “o que marcha na frente”, que pressupõe, nesse contexto, ser um movimento pioneiro das Artes
Dessa forma, as vanguardas europeias derrubaram os paradigmas criados por outras tendências artísticas apresentadas durante o século XIX, pois o olhar dos artistas desse período era direcionado para o futuro.
O objetivo era introduzir na Arte o sentimento de libertação, inovação, a subjetividade e até mesmo um pouco de Irracionalismo. Dessa forma, o movimento provocou uma grande ruptura na tradição cultural dos anos anteriores. 
Nessa época, as vanguardas europeias que mais se destacaram foram: o Dadaísmo o Expressionismo, o Futurismo, o Surrealismo e o Cubismo. Todas elas unidas em um único propósito: a renovação da Arte tradicional

Futurismo

A grande expressão desse movimento foi a valorização dada às máquinas e às novas tecnologias nas principais obras artísticas, pois, o Futurismo surgiu em um período que a Europa vivenciava os impactos provocados pela Revolição Industrial. 
Como principal característica, o Futurismo tem caráter radical, utilizando os símbolos no lugar das palavras, rompendo com a gramática e defendendo a propaganda como ferramenta principal da comunicação.
  
TEXTO 2
MANIFESTO FUTURISTA (Publicado em 20 de Fevereiro de 1909, no jornal “Le Figaro”)

1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com o seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos glorificar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita.
6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, esforço e liberdade, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7. Não há mais beleza, a não ser na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças desconhecidas, para obrigá-las a prostrar-se diante do homem.
8. Nós estamos no promontório extremo dos séculos!… Por que haveríamos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Já estamos vivendo no absoluto, pois já criamos a eterna velocidade omnipotente.
9. Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo –, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos libertários, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo pela mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de toda a natureza, e combater o moralismo, o feminismo e toda a vileza oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos as marés multicores e polifónicas das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor nocturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas lutas eléctricas; as estações esganadas, devoradoras de serpentes que fumam; as fábricas penduradas nas nuvens pelos fios contorcidos de suas fumaças; as pontes, semelhantes a ginastas gigantes que cavalgam os rios, faiscantes ao sol com um luzir de facas; os piróscafos aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de largo peito, que pateiam sobre os trilhos, como enormes cavalos de aço enleados de carros; e o voo rasante dos aviões, cuja hélice freme ao vento, como uma bandeira, e parece aplaudir como uma multidão entusiasta.

TEXTO 3
MANIFESTO TÉCNICO DA LITERATURA FUTURISTA
Em 11 de maio de 1912, Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944), publica em Milão, seu segundo manifesto: o Manifesto Técnico da Literatura Futurista; provavelmente o texto mais ousado das vanguardas europeias. Nenhum outro manifesto foi tão longe na tentativa de normatizar os métodos de composição de uma obra literária modernista. Resumidamente, temos:
Manifesto Técnico da Literatura Futurista
No aeroplano, sentado sobre o cilindro da gasolina, queimado o ventre da cabeça do aviador; senti a inanidade ridícula da velha sintaxe Herdade de Homero. Desejo furioso de libertar as palavras, tirando-as para fora da prisão do período latino! Este tem naturalmente, como cada imbecil, uma cabeça previdente, um ventre, duas pernas e dois pés chatos, mas não possuirá nunca duas asas. Apenas o necessário para caminhar, para correr um momento e fechar-se quase repentinamente bufando!...
Eis o que me disse a hélice em movimento, enquanto eu corria a duzentos metros sobre as possantes chaminés de Milão:
1. É preciso destruir a sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem.
2. Devemos empregar o verbo no infinitivo, para que se adapte elasticamente ao substantivo e não o submeta ao "eu" do escritor que observa ou imagina. O verbo no infinito pode, sozinho, dar o sentido de continuidade da vida e a elasticidade da intuição que a percebe.
3. Deve-se abolir o adjetivo, para que o substantivo, desnudo conserve a sua cor essencial. O adjetivo, tendo em si um caráter de esbatimento, é incompatível com a nossa visão dinâmica, uma vez que supõe uma parada, uma meditação.
4. Deve-se abolir o advérbio, velha fivela que une as palavras umas as outras. O advérbio conserva a frase numa fastidiosa unidade de tom.
5. Deve-se abolir a pontuação e a suprimir os elementos de comparação.
6. Façamos uso de símbolos matemáticos e musicais.

Definição

O Manifesto Futurista, de autoria do poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876 - 1944), é publicado em Paris em 1909. Nesse primeiro de uma série de manifestos veiculados até 1924, Marinetti declara a raiz italiana da nova estética: "...queremos libertar esse país (a Itália) de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários". Falando da Itália para o mundo, o futurismo coloca-se contra o "passadismo" burguês e o tradicionalismo cultural.
À opressão do passado, o movimento opõe a glorificação do mundo moderno e da cidade industrial. A exaltação da máquina e da "beleza da velocidade", associada ao elogio da técnica e da ciência, torna-se emblemática da nova atitude estética e política. Uma outra sensibilidade, condicionada pela velocidade dos meios de comunicação, está na base das novas formas artísticas futuristas.
            Movimento de origem literária, o futurismo se expande com a adesão de um grupo de artistas reunidos em torno do Manifesto dos Pintores Futuristas e do Manifesto Técnico dos Pintores Futuristas (1910). A partir de então, se projeta como um movimento artístico mais amplo, que defende a experimentação técnica e estilística nas artes em geral, sem deixar de lado a intervenção e o debate político-ideológico. [...]
Dinamismo e simultaneidade são termos paradigmáticos da proposta futurista. [...] A forte politização do movimento é outro traço marcante e distintivo da arte futurista. A base ideológica do movimento é anticlerical - revelam os manifestos políticos lançados em 1909, 1911, 1913 e 1918 - e, em seguida, antissocialista, pela defesa da modernização da indústria e da agricultura, do irredentismo e de uma política exterior agressiva. As afinidades com o fascismo, entrevistas pelo nacionalismo e pela exaltação do ímpeto e da ação, se concretizam quando diversos membros do grupo aderem ao partido fascista. Em Futurismo e Fascismo (1924), Marinetti reúne discursos e relatos em que apresenta o futurismo como parceiro e precursor do fascismo.
As propostas futuristas impregnam diversas artes. Na música, o teórico, pintor e músico Russolo defende "a arte dos ruídos", pela criação de instrumentos que produzem surpreendente gama de sons (os "entoadores de ruídos"). Nas artes cênicas, o teatro sintético futurista (1915) prevê ações simultâneas que tomam o palco e a plateia. A ênfase na invenção cênica aparece nos posteriores Teatro da Surpresa (1922) e no Teatro Visionário (1929). As experiências futuristas com o cinema, por sua vez, acompanham o movimento a partir de 1915, e mobilizam Marinetti, Balla, entre outros (Vida Futurista, 1916). O cinema é visto como a nova forma de expressão artística que atenderia à necessidade de uma expressividade plural e múltipla, declara o manifesto Cinema Futurista (1916). A arquitetura visionária de A. Sant´Elia (1888 - 1916) é mais um exemplo da extensão do projeto futurista.
[...]
Os modernistas reunidos na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, recebem imediatamente a alcunha de "futuristas" (configuram o chamado futurismo paulista), em virtude das propostas estéticas renovadoras e das intervenções estéticas de vanguarda. A consideração cuidadosa das obras de modernismo, entretanto, permite aferir a distância entre a vanguarda modernista brasileira e a italiana.

ANÁLISE DE OBRA FUTURISTA:

Em 1913 o futurista Umberto Boccioni escrevia para o crítico de arte e dono da Galleria Futurista de Roma e Nápoles, Giuseppe Sprovieri, sobre sua mais recente escultura, Formas Únicas de Continuidade no Espaço: “é o meu último trabalho, e o mais livre”, é também aquele que, no entendimento do artista, apresentaria todas as características necessárias a uma escultura verdadeiramente moderna.
Formas Únicas de Continuidade no Espaço é considerada desde então, por críticos, além do próprio artista, a síntese máxima da produção escultórica de Boccioni.
A figura humana, que parece caminhar, está representada em diferentes momentos simultaneamente. Apesar de originalmente construída em gesso, suas versões em bronze são as que predominantemente fazem parte de um inconsciente coletivo. O metal, rejeitado por Boccioni como possibilidade plástica, enfatiza a estética da máquina, cara à poética futurista, dando ainda mais suporte à interpretação da figura como uma espécie de soldado, hibrido de máquina e homem. No entanto é o gesso, aliado a ausência de braços que torna o corpo mais livre e induz o observador a focar nas saliências dessa figura levando a um maior percepção do movimento.
A escultura parece atingida por uma ventania, que fazendo força na direção contrária à marcha torna o movimento arrastado, ainda mais contínuo. Parte de uma série de formas humanas produzidas em gesso pelo artista entre os anos de 1912 e 1913 foi a única dessas esculturas a sobreviver ao tempo.

MAIS OBRAS FUTURISTAS:
 Dinamismo de um cão na coleira (1912), de Giacomo Balla, destaca o movimento das patas de um cão

Velocidade do Automóvel (1913), de Giacomo Balla

O Dinamismo de um Automóvel (1913), de Luigi Russolo

Retrato de Marinetti (1925) de Enrico Prampolini.

O Cavaleiro Vermelho (1913) de Carlo Carrá

Arranha-céus e túneis (1930) de Fortunato Depero

Referências:
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

BRADBURY, Malcom & McFARLANE, James. Modernismo. Guia geral. Tradução Denise Bottmann. São Paulo: Cia. das Letras, 1998, 556 p.
CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FABRIS, Annateresa. O Futurismo paulista: hipóteses para o estudo da chegada da vanguarda ao Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1994. (Estudos, 138).

LA NUOVA ENCICLOPEDIA DELL´ARTE GARZANTI. Milão: Garzanti Editore, 1986. 1112p. il. p&b, color


ATIVIDADE:
Em seus cadernos, produzam uma obra “Futurista”. Pode ser um desenho, uma colagem, um poema ou a tentativa de reescrever um dos manifestos que vimos acima; enfim, o importante é que sua manifestação artística tem de ter características que pertençam ao movimento futurista.