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quarta-feira, 13 de maio de 2020

ATIVIDADE - PORF CAMILA MIRANDA - 3º A e B REGULAR


















Olá, turma!
Vamos dar continuidade aos nossos estudos sobre o Futurismo



ATIVIDADES






Texto referente à atividade 1:


Ode triunfal

  à dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
tenho febre e escrevo.
escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
  ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
em fúria fora e dentro de mim,
por todos os meus nervos dissecados fora,
por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
de vos ouvir demasiadamente de perto,
e arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
de expressão de todas as minhas sensações,
com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
em febre e olhando os motores como a uma natureza tropical 


grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força —
canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
porque o presente é todo o passado e todo o futuro
e há platão e virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
só porque houve outrora e foram humanos virgílio e platão,
e pedaços do alexandre magno do século talvez cinquenta,
átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do ésquilo do século cem,
andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
 fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.

 ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
ser completo como uma máquina!
poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
a todos os perfumes de óleos e calores e carvões
desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
 [...]
  eia! e os rails e as casas de máquinas e a europa!
eia e hurrah por mim-tudo e tudo, máquinas a trabalhar, eia!
 galgar com tudo por cima de tudo! hup-lá!
 hup-lá, hup-lá, hup-lá-hô, hup-lá!
hé-la! he-hô! h-o-o-o-o!
z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!
  ah não ser eu toda a gente e toda a parte!

 londres, 1914 — junho.

 (fernando pessoa, em poesia completa de álvaro de campos, 2007)




Atividade de Literatura EJA - 1º e 2º LULA e CAMILLA


Escola Estadual José Ribeiro Pamponet
Língua Portuguesa e Literatura
NOTURNO= TF 1º e 2º                     Professores: LULA e CAMILLA

Linguagem e contexto

Linguagem denotativa e linguagem conotativa
Ø DENOTAÇÃO – é o emprego da palavra em seu sentido objetivo ou literal.                       Ex: Sempre gostei de doce de leite.
Ø CONOTAÇÃO – é o emprego da palavra em seu sentido subjetivo ou figurado.                    Ex: Mônica é um doce de pessoa.


         FRANK &  ERNEST





                               Bob Thaves. Frank & Ernest. O Estado de São Paulo, 28 dez. 2010.
01. Na charge, os amigos Frank e Ernest estão sentados em um banco de uma praça, enquanto um senhor, ao lado deles, parece ler um jornal.

a) Quem seria esse senhor com o qual Frank inicia um diálogo? Esclareça sua resposta.
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b) Observe o nome do jornal: Wall St. Journal. Considerando as palavras do senhor, explique que relação há entre o nome do jornal e Wall Street.
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c) No texto, o que Frank queria saber quando disse ao senhor: “O topo dever ser solitário”?
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d) Como o homem entendeu as palavras ditas por Frank?
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02. Portanto, a palavra TOPO, no contexto, foi empregada com sentidos diferentes pelos interlocutores.
a) Na tira, qual das personagens utiliza a palavra TOPO com sentido objetivo, real ou literal? Justifique sua resposta.
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b) Explique por quem em “o TOPO deve ser solitário”, a palavra topo apresenta sentido subjetivo ou figurado.
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03. Escolha uma palavra da qual você goste. Escreva com ela duas frases: na primeira, empregue-a no sentido denotativo; na segunda, no sentido conotativo. Explique o significado da palavra em cada caso.
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 A expressão de opiniões


                



Linguagem Visual










                    Leitura de imagem
01. Essa imagem é um CARTUM, gênero de texto humorístico. Diferentemente da CHARGE, que destaca um fato específico e recente, o cartum se refere a situações universais que podem ocorrer  com pessoas diversas, em lugares diferentes.
a) Quem a personagem da esquerda simboliza?
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b) Como o cartunista sugere, pela expressão da personagem, a atração do computador sobre ela?
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02. No texto não há a linguagem verbal. Acompanhe as setas que orientam a leitura do cartum.
a) Como se pode interpretar a direção das setas?
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b) Com que objetivo o jovem utiliza o robô e sua atividade?
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03. A atividade do jovem é realizada a distância, e ele acompanha atento todo o movimento do robô.
a) em geral, como são construídos os castelos de cartas? Por quê?
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b) Em sua opinião, essa atividade continua a ter o mesmo significado, quando feita pelo computador? Justifique sua resposta?
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04. Ao criar esse texto, o cartunista teve uma intenção. Após observar atentamente a imagem, como você interpreta essa intenção?
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05. O grande desenvolvimento da tecnologia modificou o comportamento das pessoas, pois as inovações se tornaram mais baratas e acessíveis, possibilitando múltiplos usos. A tecnologia tem servido de modo positivo ao ser humano? Explique sua resposta.
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06. Como você observou no cartum, o personagem é um internauta jovem. Os jovens são os maiores consumidores desse mercado tecnológico. Por que isso acontece?

Atividade de Literatura / Turma: 1* Ano Integral


conto é um dos gêneros narrativos mais comuns na tradição literária brasileira. A seguir você lerá um conto de Clarice Lispector.

Felicidade Clandestina


        Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".

        Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
        Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
        Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
        Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
        No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte.
        Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
        E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
        Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
        E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia.
        Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
        Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
        Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar ... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
        Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
        Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
                                                                                 Clarice Lispector


Compreensão e Interpretação do texto

01.   Os três primeiros parágrafos formam a introdução do conto lido. Neles, são apresentadas as características das personagens da história.
a)     Quais são as personagens principais da história?
b)    Que aspectos dessas personagens são ressaltados?
02.   Embora a filha do dono de livraria não tivesse muitas qualidades, algo a fazia parecer superior aos olhos da narradora. O que era?
03.   Observe estes trechos do texto:
·         “Mas que talento tinha para a crueldade.”
·         “Ela toda era pura vingança.”
a)     Por que, na opinião da narradora, a outra menina tinha talento para a crueldade?
b)     Qual é a explicação da narradora para o ódio e o desejo de vingança da menina?
04.   A posse do livro “As reinações de Narizinho” possibilitou à menina exercer sobre a narradora uma “tortura chinesa”, num jogo infindável de promessas e mentiras.
a)     Que características da menina e da narradora se observam nessa relação?
b)     Que consequências físicas resultam dessa tortura para a narradora?
c)     Explique: Por que a narradora se submetia a esse jogo criado pela menina?
05.   Um dia, a mãe descobre o jogo que a menina vinha fazendo com a narradora.
a)     O que parece ter chocado mais a mãe nessa descoberta?
b)     O que a decisão da mãe representou para a narradora?
06.   Sobre os elementos do conto, responda:
a)     Tipo de narrador e foco narrativo:
b)     Onde acontecem os fatos narrados?
07.   O que gerou o conflito na narrativa?
08.   Quando ocorre o clímax da narrativa?
09.   Por que  a narradora fingia que não sabia  onde tinha guardado  o livro e depois “achava-o”?