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domingo, 14 de junho de 2020

ATIVIDADE PARA AS TURMAS 3º A e B MATUTINO - PROFº CAMILA MIRANDA


 EXPRESSIONISMO
Esse movimento artístico está entre os primeiros representantes das vanguardas históricas e talvez o primeiro a focar em aspectos subjetivos, valorizando a expressão emocional do ser humano.

Contexto histórico e origem do expressionismo

 

início do século XX foi marcado pelo uso de inovações tecnológicas, como o telefone, o telégrafo sem fio, o automóvel e o avião, que permitiam uma comunicação e um transporte mais rápidos. Um novo mundo, caracterizado pela tecnologia e pela velocidade, era apresentado à população. A teoria da relatividade, de Albert Einstein (1879-1955), e o surgimento da psicanálise, com Sigmund Freud (1856-1939), ampliavam a forma como até então eram entendidos o tempo, o espaço e a mente humana.
      Como outros movimentos de vanguarda, o expressionismo também lançou um manifesto. O Manifesto Expressionista foi divulgado em 1918 e assinado por Kasimir Edschmid (1890-1966). Nesse documento, ele defende que a estética expressionista é resultado da experiência pessoal do artista associada à busca por algo novo. A originalidade da obra, então, está na percepção individual (portanto, única) da realidade.

 
Origem do Expressionismo

·        O Expressionismo não possui uma localização geográfica definida e sua duração é imprecisa, entretanto, o consenso é de que tenha surgido na Alemanha em meados de 1905.
·        Edvard Munch é considerado o precursor do Expressionismo, tendo influenciado essa corrente artística com suas obras impactantes e cheias de carga emocional. Sua obra mais importante é O Grito (1893).
·        Outro artista essencial para o surgimento da vertente foi o holandês Vincent Van Gogh, integrante do pós-impressionismo. Ele foi um homem que viveu intensamente a arte e transmitia em suas obras os sentimentos de maneira dramática e sem preocupar-se tanto com os efeitos técnicos da iluminação em suas composições. Uma de suas grandes obras é A Noite Estrelada (1889).
Surgiu como uma reação ao positivismo do movimento impressionista, que visava exibir obras com um caráter mais técnico acerca das percepções e estudos de luzes e cores, sem dar importância à subjetividade e complexidade humanas.

Características do Expressionismo

 

Com uma visão trágica do ser humano, muito por conta do contexto histórico da Primeira Guerra Mundial, o Expressionismo, como o próprio nome sugere, busca ser uma expressão dos sentimentos e das emoções.
Assim, os artistas exageram e distorcem os temas em seu processo de catarse, revelando, sobretudo, o lado pessimista da vida.
Esta escola utilizou a arte enquanto forma de refletir a angústia existencialista do indivíduo alienado, fruto da sociedade moderna, industrializada.

Dessa forma, podemos destacar como importantes características desse movimento:
    ·         contraste e intensidade cromática;
  ·        valorização do universo psicológico, sobretudo de sentimentos densos, como a angústia, solidão e medo;
    ·         focaliza o lado obscuro da humanidade;
    ·         é antipositivista, pois defende o irracionalismo;
   ·         valoriza a intuição em vez da razão;
   ·         expressa uma percepção individual da realidade;
   ·         realiza a distorção da realidade;
defende a liberdade individual;
   ·         procura mostrar a miséria da espécie humana;
   ·         valoriza a subjetividade em vez da objetividade;
   ·         expressa dinamismo e vigor; 
   ·         técnica abrupta e "violenta" na pintura, com grossas camadas de tinta;
   ·       despreza a perspectiva e a luz, pois o que importa mais para esses artistas é a maneira como se sente o mundo;
   ·         é frequente a temática da miséria, solidão e loucura, pois é um reflexo do espírito da época.
  ·         os temas abordados foram por vezes considerados depravados e subversivos, e buscavam conduzir o espectador à introspecção.



Expressionismo no Brasil

 

pintura do modernismo brasileiro sofreu influência das vanguardas europeias. Dessa forma, é possível verificar traços desses movimentos em várias obras, incluindo, entre eles, o expressionismo. Como exemplo, podemos aponta:

Anita Malfatti (1889-1964): A ventania (1915-1917), que na Alemanha teve contato com artistas do Expressionismo, também foi fortemente influenciada por essa corrente;
Candido Portinari (1903-1962): Retirantes (1944). Destacou-se no estilo expressionista. O artista representou intensamente em suas obras as mazelas do povo nordestino.
     Di Cavalcanti (1897-1976): Amigos (1921).
     Ismael Nery (1900-1934): Retrato de Murilo Mendes (1922).
     Lasar Segall (1889-1957): Autorretrato I (1911).
    Tarsila do Amaral (1886-1973): Retrato de Oswald de Andrade (1922).
    Ernesto de Fiori (1884-1945): As amigas (s. d.).
    Flávio de Carvalho (1899-1973): Retrato de Jorge Amado (1945).

 

Expressionismo na literatura

 

O desdobramento literário do movimento concentra-se na fundação da revista Der Sturm (A Tempestade), editada por Herwart Walden, figura responsável pela popularização do termo “expressionismo”. Foi a mais influente revista do Expressionismo, esteve em circulação entre os anos de 1910 e 1932, e divulgou a obra de diversos escritores — muitos destes acabaram mortos na Primeira Guerra Mundial.

Características:

·         a ênfase na subjetividade do escritor, que projeta nos textos sua percepção da realidade;
·         a linguagem direta e a liberdade formal;
·         a descrição pormenorizada da interioridade das personagens;
·         a inclinação ao grotesco e ao uso de metáforas hiperbólicas.

Quanto à literatura brasileira, não existem, propriamente, obras expressionistas. Alguns críticos, no entanto, apontam características desse movimento em algumas obras da literatura modernista brasileira (e até mesmo da pré-modernista), cujos autores teriam sofrido influências do expressionismo. Como exemplo, é possível citar: 

· Graciliano Ramos (1892-1953): Angústia (1936);

· Augusto do Anjos (1884-1914): Eu (1912);

· Mário de Andrade (1893-1945): Amar, verbo intransitivo (1927).

No poema “Queixas noturnas” (1906), do livro Eu, de Augusto dos Anjos, é possível perceber um tom mais agressivo quando o eu lírico fala da humanidade. Como sabemos, o expressionismo caracteriza-se por essa agressividade, além da deformação do real, pois se configura na visão particular do autor da obra: 

Queixas Noturnas 

[...]
As minhas roupas, quero até rompê-las!
Quero, arrancado das prisões carnais,
Viver na luz dos astros imortais,
Abraçado com todas as estrelas! 

A Noite vai crescendo apavorante
E dentro do meu peito, no combate,
A Eternidade esmagadora bate
Numa dilatação exorbitante!
[...] 

Que dentro de minh’alma americana
Não mais palpite o coração — esta arca,
Este relógio trágico que marca
Todos os atos da tragédia humana!
[...] 



Em Angústia, de Graciliano Ramos, o protagonista é Luís da Silva, um homem próximo da meia-idade, funcionário público, solitário e melancólico. A angústia que dá título ao livro se refere ao estado de espírito desse personagem. O narrador-personagem tem sua visão particular, portanto, distorcida da realidade. É justamente esse mundo interior de Luís da Silva que dá à obra o seu caráter expressionista: “Vivo agitado, cheio de terrores, uma tremura nas mãos, que emagreceram. As mãos já não são minhas: são mãos de velho, fracas e inúteis. As escoriações das palmas cicatrizaram.” 


DICA:
Filme “Com amor, Van Gogh”. Animação biográfica, que narra os últimos dias de vida do atrista através de obras que seguem seu estilo de pintura. Disponível na Netflix.
Referência:
Atividade:

As obras a seguir não estão identificadas. Atribua um Título e uma legenda às mesmas levando em consideração suas impressões; depois disso faça uma pesquisa e anote as seguintes informações:
Quem foi o autor (breve histórico), contexto histórico e uma pequena análise da obra.